Religiosos se valem da prática do futebol para exercer a sadia convivência

Esporte contribui no desenvolvimento de virtudes como fraternidade, coragem justiça e lealdade, além de promover a convivência entre irmãos




Nesta quarta-feira, 19, celebra-se uma das grandes paixões nacionais: o futebol. Presente em todo país, milhões de brasileiros vibram ao assistir seus times e jogam regularmente este esporte, o mais praticado no Brasil.

O dia 19 de julho foi escolhido para ser o Dia Nacional do Futebol por marcar o aniversário de fundação do clube mais antigo em atividade: o Sport Club Rio Grande, do Rio Grande do Sul, surgido em 1900. Há clubes mais antigos, mas que já não existem ou surgiram praticando outras modalidades (como o Flamengo, do Rio de Janeiro, criado em 1895 como uma associação de regatas, modalidade atualmente conhecida como remo).

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015, 15,3 milhões de brasileiros praticam futebol como sua principal modalidade esportiva. Além deles, ainda há muitas pessoas em todo o país que jogam bola, com as mais diversas regras e formatos, reafirmando o amor do brasileiro por este esporte.

Entre estas pessoas, estão padres, diáconos, seminaristas e religiosos. Eles também nutrem o gosto pelo futebol, apesar de nem sempre serem associados à prática esportiva. Na Comunidade Canção Nova, é comum que membros e amigos joguem juntos, colocando em prática um dos princípios deixados pelo seu pai fundador, o Monsenhor Jonas Abib – o da sadia convivência.

Esporte coletivo que favorece a partilha

Na sede da comunidade em Cachoeira Paulista (SP), o padre Marcio Prado afirma que os padres, seminaristas e missionários costumam se reunir para jogar às segundas-feiras. Ele também diz que, quando jogam juntos, podem exercer a confraternização e a partilha por meio do esporte, além de outras virtudes.

“O futebol, além da confraternização, do espírito de equipe e partilha, exerce a virtude da bondade, a luta contra o egoísmo, o companheirismo, então ajuda muito no desenvolvimento do ser humano”, sublinha. Por se tratar de um esporte coletivo, a integração dos irmãos se faz necessária, e auxilia no desenvolvimento desses valores.

Outro religioso que costuma estar presente nas partidas é o padre Alex Freitas. Ele também frisa alguns benefícios que a prática esportiva traz, como a manutenção da saúde física e o desenvolvimento de outras virtudes. Entre elas, ele cita a justiça, a coragem e a humildade.

Pe. Alex Freitas / Foto: Arquivo pessoal

“São João Bosco gostava de ver as pessoas jogando futebol porque ali ele as conhecia verdadeiramente. Você está ali, destravado, então se expõe, dá a sua cara a tapa. Para vencer é preciso coragem, ousadia. Além disso, há a virtude da humildade, porque nem sempre você vai ganhar, nem sempre você será o melhor naquele jogo, às vezes você erra, então é preciso humildade para reconhecer e também aprender”, declara.

Jogo limpo em campo e na vida

O sacerdote também toca em outro ponto pertinente ao esporte: o fair play, ou “jogo limpo”. O cumprimento das regras do jogo e o respeito ao adversário são fundamentais para o desenrolar adequado das partidas, e, segundo o padre Alex, isso deve prevalecer. “Você está ali pelo que vai viver junto com os outros, não para destruir o outro, trapacear. Esse não é o caminho”, relembra.

Tendo isto em mente, a fraternidade e outras virtudes conseguem se desenvolver, e ajudam na melhor vivência do futebol e com os irmãos. Neste sentido, o religioso também aborda o princípio de viver reconciliado. “Às vezes esquenta o sangue, mas isso ainda não está acima do irmão, do próximo. É bonito ver que quando termina o jogo a pessoa vai e pede desculpas”, expressa o padre.

O futebol como arte

Ângelo Germano / Foto: Arquivo pessoal

Para o seminarista do 2º ano de Teologia, Ângelo Germano, todos estes aspectos configuram uma espécie de arte. “Eu considero o futebol uma arte: arte de jogar e arte de conviver”, ressalta, enquanto também destaca que a convivência passa diretamente pelo trabalho em equipe, essencial em todos os aspectos.

Dentro da Comunidade Canção Nova, costuma-se dizer que “ninguém é bom sozinho”. Ângelo lembra desta máxima, traçando um paralelo entre o jogo e a vida. “Ninguém ganha jogando sozinho. No futebol, a gente aprende a se entrosar, trabalhar e jogar em equipe. Ainda mais no contexto do cristianismo, porque ninguém é cristão sozinho, nós somos cristãos em corpo”, declara.

Da mesma forma, jogar bola, segundo o seminarista, o ajuda diretamente na sua formação enquanto futuro padre. “Jogar futebol revela o homem de Deus que está crescendo na formação e na conversão. Evito as entradas mais fortes, para evitar machucar meu irmão, aparto nos momentos de maior tensão, porque no meu coração já está sendo configurado um sacerdote”, manifesta.

Assim, todos experimentam juntos um mesmo sentimento: o da alegria de serem irmãos e poderem estar juntos, unidos por um gosto em comum. “No futebol, eu consigo estar com as pessoas, e isso me traz a alegria de conviver”, finaliza Ângelo.


Fonte : https://noticias.cancaonova.com/

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