Mantos da Novena da Padroeira são feitos há 13 anos por freiras que vivem enclausuradas em Aparecida, SP

Conhecidas como Irmãs Carmelitas, as freiras confeccionaram também os mantos usados na imagem original por mais de 50 anos, além do manto usado na imagem dada ao Papa Francisco em 2013, quando ele visitou a cidade.

Os tradicionais mantos que vestem a imagem similar de Nossa Senhora Aparecida durante a Novena da Padroeira do Brasil, são produzidos há 13 anos por freiras que vivem enclausuradas em Aparecida, cidade do interior de São Paulo.

Conhecidas como Irmãs Carmelitas, as freiras são responsáveis por bordar os mantos usados na Novena da Tarde e na Novena Solene. Além disso, elas já confeccionaram também os mantos da imagem original, por mais de 50 anos, e o manto da imagem dada de presente ao Papa Francisco em 2013, quando ele visitou a cidade.

Elas vivem em clausura papal, condição de recolhimento em que não se pode sair do carmelo, que é a sede da ordem religiosa, deixando o local apenas com autorização da Igreja. As irmãs têm grande relação com o Santuário Nacional, já que o Carmelo de Santa Terezinha se instalou na cidade há 71 anos, em 1952 - leia mais detalhes abaixo.


Os mantos




Principal responsável por bordar os mantos da novena, a Irmã Regina chegou ao carmelo em 1984. Além dela, outras três irmãs estão envolvidas no processo - são 21 no total.

De acordo com Regina, a confecção dos mantos deste ano começou em julho e terminou em setembro. Durante esse período, ela se dedicou todos os dias para entrega o melhor trabalho possível ao santuário.

“Eu fiz todo o bordado. Depois fizemos a montagem, com mais três irmãs. Todo dia trabalhei um pouco nisso. Muita entrega, muita reza, muita ajuda da Mãe (Nossa Senhora Aparecida). Então fica muito bom”, comemora.

Foram duas produções: uma para a Novena da Tarde outra para a Novena Solene. Confira as diferenças:

Novena da Tarde: o manto conta com elementos de conchas (símbolo vocacional e mariano) e pérolas. Maria é comparada às conchas do mar, que produzem a pérola preciosa, neste caso, Jesus.
Novena Solene: conta com coração bordado no manto. A ideia foi projetada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que faz referência ao 3º Ano Vocacional na Igreja: corações ardentes, pés a caminho.


Entre os produtos usados nos mantos, destacam-se o 'strass' e 'swarovski', pedras preciosas e importadas especialmente para a produção, que marca a novena.

“O principal são essas pedras, mas fazemos tudo com carinho, da melhor maneira. Para a Mãe tem que fazer o melhor”, conta Irmã Tereza.

História das Irmãs Carmelitas

A história do Carmelo de Santa Terezinha de Aparecida começa em Mogi das Cruzes. Instalado na cidade da Grande São Paulo desde 1932, o local teve problemas estruturais.

“O Carmelo de Mogi das Cruzes teve problemas com mofo e isso estava afeta a saúde das irmãs. Então foi decidido que deveria mudar de lugar”, conta Irmã Regina.
Com isso, o bispo Dom Antônio Maria foi quem deu início à concretização de um sonho de seu antecessor, Dom José Gaspar, de se instalar em Aparecida.


A pedra fundamental foi lançada na cidade do interior de São Paulo no dia 8 de dezembro de 1950, em um terreno doado pela cúria com usufruto. O arquiteto foi Benedito Calixto.

Dois anos depois, em 1952, a estrutura ficou pronta e foi oficialmente inaugurada no dia 7 de dezembro. Em seguida, de acordo com documentos do Carmelo de Santa Terezinha, as Irmãs Carmelitas foram à Basílica Velha e se ajoelharam próximas ao altar, onde puderam beijar a imagem original de Nossa Senhora.

No dia seguinte, houve a primeira missa do carmelo, quando as portas da clausura foram abertas, dando início aos costumes e ritos que seguem até hoje

Atualmente, 21 irmãs vivem no carmelo. Dessas, apenas duas podem deixar o local, mas apenas para situações específicas - como por exemplo a própria Irmã Regina, que foi até o santuário para a entrega dos mantos deste ano.

Além disso, todas vivem longe da tecnologia. As monjas só podem assistir televisão durante a novena e em raras exceções. Uma delas foi em uma oração do terço pelo fim da pandemia, em 2021.

As irmãs rezam ao menos sete vezes por dia e trabalham juntas, dentro do carmelo.

“Acordamos às 4h30 e oramos na maior parte do tempo. As tarefas são divididas em bordado, portaria, limpeza e cozinha, em que revezamos nas funções. Nem vemos o tempo passar. Aqui tudo se transforma”, diz Irmã Regina.

Relação com o Santuário Nacional

A relação das Irmãs Carmelitas com o Santuário Nacional de Aparecida começou no ano em que o Carmelo de Santa Terezinha chegou à cidade.

Isso porque, em 1952, as monjas passaram a fabricar os mantos usados na imagem original da Padroeira, encontrada no rio Paraíba do Sul em 1717. Essa tradição seguiu até 2013.


Desde 2009, elas são responsáveis por bordar o manto da imagem similar, usada durante as novenas, que duram nove dias no total.

Além disso, as irmãs fizeram também o manto da imagem dada de presente ao Para Francisco em 2013, quando ele visitou Aparecida.

Outro fator importante que mantém as irmãs e o santuário lado a lado é a arquitetura: tanto o carmelo quanto o templo foram projetados por Benedito Calixto. Uma das características semelhantes dos prédios são os tijolinhos à vista.

Fonte : https://g1.globo.com/

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