Tempo Comum: o que um católico precisa saber

Entenda o que é o Tempo Comum, o que celebramos nesse período do ano litúrgico — que de comum, não tem nada — e como vivê-lo bem. Subdividido em duas partes, um “tempo ordinário”, mas não menos importante e que pode ser vivido com a música para os momentos de oração e escolha dos cantos para as Missas



A partir da próxima segunda-feira (20), a liturgia da Igreja volta a celebrar o Tempo Comum, um tempo “primordial” e que não pode ser visto como “de menos importância”, disse à ACI Digital o doutor em Liturgia, padre Geraldo Dias Buziani, da arquidiocese de Mariana (MG). Trata-se, disse o sacerdote, de um tempo em que o “mistério de Cristo é celebrado na sua globalidade”.

Segundo as Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, “no decorrer do ano, a Santa Igreja comemora em dias determinados a obra salvífica de Cristo. Cada semana, no dia chamado domingo, dia do Senhor, ela recorda a ressurreição do Senhor, que celebra também uma vez por ano, com a bem-aventurada Paixão na solenidade máxima da Páscoa. Durante o ciclo anual desenvolve-se todo o mistério de Cristo e comemoram-se os aniversários dos santos”.

“O Tempo Comum tem sua origem no domingo como celebração da Páscoa semanal. Por isso, não podemos entendê-lo como tempo de menos importância em relação aos dois outros grandes ciclos, que são Advento-Natal-Epifania e Quaresma-Páscoa-Pentecoste. Ele é o tempo primordial, justamente por que está na origem do mistério que a gente celebra”, disse o padre Buziani, pároco de Nossa Senhora da Assunção, a catedral de Mariana, diretor de estudos e professor de Liturgia no Instituto de Teologia São José, da arquidiocese de Mariana.

O sacerdote destacou que esse tempo litúrgico, ao contrário dos outros em que se celebra “um aspecto particular do mistério de Cristo”, é o tempo “no qual se celebra o mistério de Cristo na sua globalidade, que vai desvelando e nos revelando o mistério de Cristo e nos permite caminhar com Cristo no cotidiano do seu revelar-se na história”.

Sobre o Tempo Comum, dizem as ‘Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário’: “Além dos tempos que têm características próprias, restam no ciclo anual trinta e três ou trinta e quatro semanas nas quais não se celebra nenhum aspecto especial do mistério de Cristo; comemora-se nelas o próprio mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos”.

“O Tempo Comum começa na segunda-feira que segue ao domingo depois do dia 6 de janeiro e se estende até a terça-feira antes da Quaresma inclusive; recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das primeiras vésperas do 1º domingo do Advento”, acrescenta.

O padre Buziani disse que o Tempo Comum “nasce do compromisso da comunidade cristã de celebrar a Páscoa semanal como memória viva do mistério pascal” e “é um tempo no qual temos a oportunidade de celebrar e conhecer os gestos do cotidiano, da missão de Jesus”. “Esse tempo nos proporciona caminhar com o Mestre, escutar o Mestre”, completou.
As leituras dos domingos

O sacerdote destacou a importância do Lecionário, livro que traz as leituras bíblicas organizadas para cada celebração litúrgica. Ali se tem “uma leitura semicontínua, ou seja, escolhendo perícopes necessárias e importantes que possam ajudar os fiéis no crescimento espiritual” e “se dá esse encontro com Cristo, na Palavra proclamada, na Eucaristia celebrada”.

O liturgista destacou que, “a partir do terceiro domingo do Tempo Comum inicia-se a leitura semicontínua dos Evangelhos sinóticos: no Ano A, temos Mateus, meditação cristológica; no Ano B temos Marcos, vamos conhecer Jesus pelo olhar de Marcos, sendo que do décimo sétimo ao vigésimo primeiro domingo temos a leitura do Pão da Vida tirados de João, porque o evangelho de Marcos é menor; o ano C, Lucas, a ação do Espírito Santo, os evangelhos da infância, das grandes pregações doutrinais”. Em 2024 a Igreja está celebrando o Ano B.

Desse modo, disse, “vamos tendo essa oportunidade, com a ajuda dos evangelistas adentrando nos gestos, palavras e ações de Jesus, auxiliados também pelas cartas na segunda leitura aos domingos”.

“Essas leituras organizadas dão a caracterização do domingo e, como estão organizadas, elas nos permitem contemplar, adentrar e meditar os gestos cotidianos de Jesus, que vão nos permitir nos assimilarmos um pouco mais a Ele, sendo transfigurados por Ele em sua graça”, acrescentou.

Segundo o sacerdote, “esse tempo comum” é também “tempo do cotidiano”. “É a gente saber encontrar essa espiritualidade do cotidiano, ver o cotidiano também o lugar salvífico, o momento salvífico”, disse.

O padre destacou que “temas importantes” vão sendo “apresentados na liturgia da Palavra no Tempo comum, como a renúncia, a humildade, a temática da oração, do perdão, da paz”. E esse tempo “tem o seu cume na solenidade de Cristo Rei do Universo, nos mostrando esse convite de crescimento, de maturação, de conhecimento e encontro cotidiano que possa nos levar a proclamar Cristo Senhor e Rei do universo”.

A Liturgia da Igreja é uma verdadeira riqueza! O calendário litúrgico nos apresenta diferentes momentos a fim de nos aprofundarmos em momentos da vida de Cristo e atualizarmos, assim, os mistérios da salvação em nossas vidas.

Somos convidados a acompanhar cada etapa do ano com diferentes disposições e atitudes, seja em espírito de penitência, conversão, alegria ou júbilo. Há também um “tempo ordinário”, mas não menos importante. É o “Tempo Comum”.

O que é o Tempo Comum


O Tempo Comum é caracterizado por um período subdividido em duas partes: a primeira começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus e vai até a terça-feira, antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início o Tempo Quaresmal. No total, possui 33 ou 34 semanas.

Já a segunda parte, tem início na segunda-feira depois de Pentecostes e se prolonga até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo ano litúrgico.

Como viver e aprofundar sobre a vida de Cristo durante o Tempo Comum?


No calendário da Liturgia da Igreja, assim como em nossa vida, existem tempos fortes de festa ou de mais interiorização e os tempos ordinários, comuns.

Sendo assim, o Tempo Comum é um período em que a centralidade continua sendo o Cristo Jesus e quando somos convidados a valorizar os acontecimentos da vida do Senhor e também da nossa.

Mesmo sendo um “tempo comum”, ele pode nos trazer grandes surpresas e novidades de Deus, quando olhamos para a vida de Cristo e aprendemos a valorizar o tempo que Deus nos concede, o tempo presente e a simplicidade do cotidiano.

Neste, contemplamos a riqueza dos detalhes, dos momentos comuns. Seja, por exemplo, o raiar de cada novo dia, a beleza da natureza ou o sorriso e espontaneidade de uma criança.

Deste modo, somos chamados a viver o Tempo Comum com esperança e na intimidade com o Senhor. Uma forma de enraizar a fé em meio aos afazeres do dia a dia.

Símbolos, como a cor e a música, podem nos ajudar a viver a Liturgia desse tempo?


Como o Tempo Comum é considerado ainda um tempo de vigilância e de esperança, os paramentos litúrgicos são de cor verde. No livro

"Vamos participar da missa?", Frei Luiz Turra explica que o verde é a “cor da vegetação mais viva, na iminência dos frutos; cor do equilíbrio ecológico e da esperança; cor que acompanha o Tempo Comum. Trinta e quatro semanas vivem a história da salvação, sobretudo o mistério semanal do domingo, como Dia do Senhor. É o tempo dos frutos que o Mistério Pascal provoca na comunidade cristã”.

Cor para os olhos contemplarem e música para os ouvidos captarem a Palavra de Deus e para os lábios exprimirem o seu louvor a Deus. Também no Tempo Comum, as canções ajudam a vivenciar essa etapa, seja na oração pessoal, nas reuniões das pastorais ou nas Santas Missas.

A música, durante o Tempo Comum, vai justamente conduzir cada fiel ao encontro com Jesus em meio ao seu cotidiano, a conhecer mais aspectos da vida do Filho de Deus e a tocar na sua humanidade e divindade, de forma que também nos encontremos conosco mesmos e com o Senhor.

Deste modo, a playlist Cantando os Evangelhos - Tempo Comum - Ano pode ser uma ótima opção para a oração e escolha dos cantos para a Liturgia.

Quais são os tempos litúrgicos?


Advento: tempo de espera e preparação para a segunda vinda de Cristo na primeira quinzena, e espera e comemoração da primeira vinda de Cristo, na segunda quinzena. Cor litúrgica: roxo.
Natal: tempo de viver o mistério da encarnação do Verbo de Deus. Cor litúrgica: branca ou dourada.
Quaresma: tempo de preparação, ascese e penitência para bem celebrar a Páscoa do Senhor. Quarenta dias que evocam os quarenta anos no deserto do povo de Israel. Cor litúrgica: roxa.
Páscoa: tempo de celebração intensa do mistério central da vida cristã: a ressurreição do Senhor Jesus, bem como surgimento da Igreja. Cor litúrgica: branca ou dourada.
Comum: tempo de contemplar, na liturgia, o mistério e os ensinamentos de Jesus em toda sua vida pública. É tempo de esperança e de vivermos o ordinário de cada dia de modo santo. Cor litúrgica: verde.




Fonte : Vatican News / Universo Paulinas

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