Padre Patrick posta forte alerta sobre a saúde mental dos padres

Em sua última postagem no instagram Padre Patrick faz forte alerta e  reflexão sobre a saúde mental dos sacerdotes



Padre Patrick se tornou um fenômeno na internet aos 34 anos, quando meteoricamente ganhou visibilidade nacional, em 2021. Hoje, com mais de seis milhões de seguidores no Instagram, continua levando diariamente, por meio das redes sociais, mensagens de fé, de forma bem humorada além de viajar com seu Show ' Fora da Caixinha' por todo o Brasil. Religioso responde perguntas tabus de forma divertida, zoa sogras, crossfit e casamento e diz que tem dificuldades em lidar com as críticas

No vídeo no instagram Ele denuncia sobre a saúde mental dos sacerdotes, carga de trabalho pastoral e inúmeras celebrações de missas feitas excedentes pelo direito canônico do Vaticano e até relata sobre suicídios, burnout (doença causada pelo excesso de trabalho) e acidentes de colegas padre pela exaustão de serviço pastoral.


Nume recente entrevista a Revista Caras ele revelou que em 2019, viveu um dos períodos mais difíceis, ao enfrentar um severo quadro depressivo. Começou a perder interesse pelo ministério e passou a se sentir obrigado a celebrar missas. Deixou de se alimentar, se descuidou e ficou trancado dentro de um quarto. Tentava não se mostrar frágil aos fiéis, mas acabou tendo que se afastar das funções paroquiais.

“Nós, padres, somos educados para estarmos sempre fortes. E as pessoas querem nos ver assim também, né? Como um porto seguro, alguém que vai estar ali para estender a mão, para orientar. Só que a gente traz as nossas angústias também, como humanos que somos. O número de suicídio, por exemplo, entre os padres vem crescendo muito no Brasil e no mundo; decorrência, muitas vezes, de uma vida de ativismo, de tantos afazeres. E na maioria das vezes, você se vê sozinho. Você vai pra casa, e está sozinho. Não tem com quem partilhar as suas angústias, as suas dores e tudo mais”, destaca.

E continua: “Isso faz com que aos poucos, a longo prazo, vai tendo um turbilhão de experiências de emoções dentro do seu coração, que vão te tirando do eixo. Foi exatamente assim que eu senti. Comecei a não ver o encanto em mais nada que eu estava fazendo. É como se tivesse um vazio tão grande que não me permitia levantar, me colocar de pé e que isso piorava cada vez mais”.

Padre Patrick, então, revela como conseguiu se recuperar. “Achava que seriam dias ruins, como a gente têm sempre, mas não melhorava. E ficava cada vez pior, pior, pior. E isso, até eu reconhecer que eu necessitava de ajuda, que sozinho não dava mais conta, já tinha me levado muita coisa embora. Mas com a terapia, medicação, psiquiatra e a minha fé, consegui aos poucos recuperar o ânimo, perceber e entender que a vida é um dom. Que apesar das noites escuras que a gente está vivendo, Deus tem sempre reservado o melhor pra nossa vida”, destaca o padre, que em março de 2020, se viu recuperado e pronto para retomar suas atividades na paróquia, conclui.

 

A solidão dos Padres, bem acompanhada

A solidão é uma realidade na vida dos padres, mas eles também têm necessidades básicas e devem ser reconhecidos como seres humanos. A vida de um sacerdote é marcada por um equilíbrio entre a rigidez da agenda e compromissos paroquiais e o chamado divino à contemplação para preservar seus votos.

Um extrato da carta encíclica Sacerdotalis Cælibatus (números 58-59), do Papa São Paulo VI, o que é particularmente merecedor de nota porque exemplifica o esforço de muitos padres, religiosos e leigos católicos para colocar os fiéis em contato direto com a doutrina da Igreja sobre assuntos que costumam chegar ao público tergiversados por interpretações e narrativas de "intermediários" como a assim chamada "grande mídia", com seus "comentaristas" que nem sempre estão mais dispostos a expor a real posição da Igreja do que a sua própria.

"É certo: o sacerdote, pelo seu celibato, é homem solitário. Mas não é solidão vazia, porque está plena de Deus e da superabundante riqueza do seu reino. Além disso, ele preparou-se para esta solidão, que deve ser plenitude interior e exterior de caridade, escolheu-a conscientemente e não por orgulho de ser diferente dos outros, não para subtrair-se às responsabilidades comuns, não para estremar-se dos irmãos ou por desestima do mundo. Segregado do mundo, o sacerdote não está separado do Povo de Deus, porque foi constituído em favor dos homens (Hb 5,1), consagrado totalmente ao serviço da caridade (cf. 1 Cor 14,4ss) e à obra para que o Senhor o chamou".

Segue-se um do mais belos parágrafos jamais escritos sobre a solidão sacerdotal".

"Por vezes a solidão pesará dolorosamente sobre o sacerdote, mas nem por isso há de arrepender-se de tê-la generosamente escolhido. Também Cristo, nas horas mais trágicas da vida, ficou só, abandonado mesmo daqueles que tinha escolhido para testemunhas e companheiros e que Ele tinha amado até ao fim (Jo 13,1), mas declarou: 'Eu não estou só, porque o Pai está comigo' (Jo 16,32).

Quem escolheu ser todo de Cristo há de encontrar, antes de tudo, na intimidade com Ele e na sua graça, a força de ânimo necessária para dissipar a melancolia e para vencer os desânimos. Não lhe faltará a proteção da Virgem Mãe de Jesus e os maternos desvelos da Igreja a cujo serviço se consagrou. Poderá contar com a solicitude do seu pai em Cristo, o Bispo, com a fraternidade íntima dos irmãos no sacerdócio e com o conforto de todo o Povo de Deus. E se a hostilidade, a desconfiança, a indiferença dos homens lhe tornarem por vezes demasiado amarga a solidão, há de saber compartilhar com dramática evidência a mesma sorte de Cristo, como o apóstolo que não é maior do que Aquele que o enviou (cf. Jo 13,16;15,18), como o amigo que foi admitido aos segredos mais dolentes e mais gloriosos do divino Amigo que o escolheu para produzir, num viver aparentemente de morte, frutos misteriosos de vida".

(Papa São Paulo VI, carta encíclica Sacerdotalis Cælibatus, n. 58-59)


Um sacerdote que é compreendido por seu povo será mais facilmente fortalecido na oferta de sua vida ao Senhor e ao seu povo. O sacerdote, que vive entre pessoas que querem ser compreendidos e amados, deve ser compreendido e amado para que possa ser um homem, humanizado e, ao mesmo tempo, alter Christus.


(O padre é) “um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina. Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia. Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer (pelo pecado), quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a Terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a Terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é o para vós”.


Ser padre é expressão de uma convocação particular para uma missão específica a serviço do Povo de Deus. A vocação presbiteral não é mérito pessoal, mas escolha do Senhor: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu é que vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto” (Jo 15,16).

Cabe a nós leigos acolher e abraçar cada padre na sua humanidade, um Homem de Deus que erra e precisa ser acolhido e amado por toda sua comunidade. 

Rezemos por todos Sacerdotes sejam eles conhecidos ou não.   


Por Andre Ribeiro @andreltrss 


Fontes : Caras.com.br / Perfil Padre Patrick / https://pt.aleteia.org/2021 / CNBB

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