“Nós, padres, somos educados para estarmos sempre fortes. E as pessoas querem nos ver assim também, né? Como um porto seguro, alguém que vai estar ali para estender a mão, para orientar. Só que a gente traz as nossas angústias também, como humanos que somos. O número de suicídio, por exemplo, entre os padres vem crescendo muito no Brasil e no mundo; decorrência, muitas vezes, de uma vida de ativismo, de tantos afazeres. E na maioria das vezes, você se vê sozinho. Você vai pra casa, e está sozinho. Não tem com quem partilhar as suas angústias, as suas dores e tudo mais”, destaca.E continua: “Isso faz com que aos poucos, a longo prazo, vai tendo um turbilhão de experiências de emoções dentro do seu coração, que vão te tirando do eixo. Foi exatamente assim que eu senti. Comecei a não ver o encanto em mais nada que eu estava fazendo. É como se tivesse um vazio tão grande que não me permitia levantar, me colocar de pé e que isso piorava cada vez mais”.Padre Patrick, então, revela como conseguiu se recuperar. “Achava que seriam dias ruins, como a gente têm sempre, mas não melhorava. E ficava cada vez pior, pior, pior. E isso, até eu reconhecer que eu necessitava de ajuda, que sozinho não dava mais conta, já tinha me levado muita coisa embora. Mas com a terapia, medicação, psiquiatra e a minha fé, consegui aos poucos recuperar o ânimo, perceber e entender que a vida é um dom. Que apesar das noites escuras que a gente está vivendo, Deus tem sempre reservado o melhor pra nossa vida”, destaca o padre, que em março de 2020, se viu recuperado e pronto para retomar suas atividades na paróquia, conclui.
A solidão dos Padres, bem acompanhada
Um extrato da carta encíclica Sacerdotalis Cælibatus (números 58-59), do Papa São Paulo VI, o que é particularmente merecedor de nota porque exemplifica o esforço de muitos padres, religiosos e leigos católicos para colocar os fiéis em contato direto com a doutrina da Igreja sobre assuntos que costumam chegar ao público tergiversados por interpretações e narrativas de "intermediários" como a assim chamada "grande mídia", com seus "comentaristas" que nem sempre estão mais dispostos a expor a real posição da Igreja do que a sua própria.
"É certo: o sacerdote, pelo seu celibato, é homem solitário. Mas não é solidão vazia, porque está plena de Deus e da superabundante riqueza do seu reino. Além disso, ele preparou-se para esta solidão, que deve ser plenitude interior e exterior de caridade, escolheu-a conscientemente e não por orgulho de ser diferente dos outros, não para subtrair-se às responsabilidades comuns, não para estremar-se dos irmãos ou por desestima do mundo. Segregado do mundo, o sacerdote não está separado do Povo de Deus, porque foi constituído em favor dos homens (Hb 5,1), consagrado totalmente ao serviço da caridade (cf. 1 Cor 14,4ss) e à obra para que o Senhor o chamou".
Segue-se um do mais belos parágrafos jamais escritos sobre a solidão sacerdotal".
"Por vezes a solidão pesará dolorosamente sobre o sacerdote, mas nem por isso há de arrepender-se de tê-la generosamente escolhido. Também Cristo, nas horas mais trágicas da vida, ficou só, abandonado mesmo daqueles que tinha escolhido para testemunhas e companheiros e que Ele tinha amado até ao fim (Jo 13,1), mas declarou: 'Eu não estou só, porque o Pai está comigo' (Jo 16,32).
Quem escolheu ser todo de Cristo há de encontrar, antes de tudo, na intimidade com Ele e na sua graça, a força de ânimo necessária para dissipar a melancolia e para vencer os desânimos. Não lhe faltará a proteção da Virgem Mãe de Jesus e os maternos desvelos da Igreja a cujo serviço se consagrou. Poderá contar com a solicitude do seu pai em Cristo, o Bispo, com a fraternidade íntima dos irmãos no sacerdócio e com o conforto de todo o Povo de Deus. E se a hostilidade, a desconfiança, a indiferença dos homens lhe tornarem por vezes demasiado amarga a solidão, há de saber compartilhar com dramática evidência a mesma sorte de Cristo, como o apóstolo que não é maior do que Aquele que o enviou (cf. Jo 13,16;15,18), como o amigo que foi admitido aos segredos mais dolentes e mais gloriosos do divino Amigo que o escolheu para produzir, num viver aparentemente de morte, frutos misteriosos de vida".
(Papa São Paulo VI, carta encíclica Sacerdotalis Cælibatus, n. 58-59)
(O padre é) “um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina. Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia. Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer (pelo pecado), quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a Terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a Terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é o para vós”.
Fontes : Caras.com.br / Perfil Padre Patrick / https://pt.aleteia.org/2021 / CNBB
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