Chiara Corbella, mãe heróica, dá mais um passo rumo à santidade

 A fase diocesana do processo de beatificação de Chiara Corbella foi encerrada no dia 21 de junho, em uma cerimônia em Roma. Em breve, ela poderá ser reconhecida como venerável.



Após seis anos de procedimentos, o inquérito sobre a "vida, virtudes e fama de santidade" de Chiara Corbella foi solenemente encerrado na Basílica de São João de Latrão, na sexta-feira.

Apesar do calor escaldante que atingiu Roma nos últimos dias, centenas de fiéis ocuparam pouco mais da metade da imensa nave da catedral do Papa.

Normalmente, esse tipo de cerimônia jurídica — uma etapa do processo de beatificação — é realizada em uma das salas funcionais no último andar do vicariato. Mas a fama de Chiara Corbella Petrillo, esta jovem do povo de Roma, que morreu aos 28 anos em 2012, parece ter conquistado os corações de muitos romanos, levando-os à basílica.

Na congregação, viam-se algumas freiras, alguns peregrinos perdidos, mas, acima de tudo, muitíssimas famílias, uma presença particularmente incomum em um país como a Itália, onde a taxa de natalidade atinge níveis cada vez mais preocupantes a cada ano. A presença de dezenas de carrinhos de bebê, numerosos casais de todas as idades rodeados por seus filhos, e uma certa agitação constante orquestrada por pequenos pés e vozes, estavam ali para testemunhar uma outra visão da vida: a de Chiara Corbella.

E na primeira fila dessas tribos, por vezes muito numerosas, estava uma família monoparental diferente de todas as outras: a de um pai, Enrico Petrillo, e seu filho de 13 anos, Francesco. Eles eram o marido e o filho de Chiara. Este ano, ela teria completado 40 anos.

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Antoine Mekary | ALETEIA

Chiara Corbella, o Jó bíblico do século XXI

Chiara e Enrico se conheceram em uma peregrinação a Medjugorje, se apaixonaram e se casaram em Assis, em 2008. Este casal, particularmente devoto e próximo ao Caminho Neocatecumenal, viveu a dor da perda prematura de seus dois primeiros filhos, Maria Grazia Letizia e Davide Giovanni, ambos com graves problemas de desenvolvimento, incompatíveis com a vida, diagnosticados ainda no útero.

O casal Petrillo enfrentou com força e coragem a cruz que tantos casais enfrentam, não hesitando em testemunhar suas experiências para ajudar outras famílias. Mas a sua via doloris, comparada durante a cerimônia aos infortúnios bíblicos de Jó, não parou por aí.

Pouco depois de engravidar de seu terceiro filho, Chiara descobriu que tinha um câncer.

Assim como nas duas primeiras gestações, alguns médicos, preocupados com a saúde da mãe, sugeriram o aborto ao casal. Chiara, mais uma vez, recusou. Ela também se recusou categoricamente a fazer uma cirurgia para tratar o câncer, para não colocar em risco a vida do filho, apesar da possibilidade de a doença progredir enquanto o casal esperava o parto para tentar a cirurgia. Francesco nasceu em 2011, com perfeita saúde.

Quatro dias após o parto, Chiara foi operada e iniciou uma quimioterapia intensiva, mas já era tarde demais. Ela morreu um ano depois, em 13 de junho de 2012. Em 16 de junho, milhares de pessoas que ouviram sua história compareceram ao funeral da jovem mãe.

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Antoine Mekary | ALETEIA1

O céu como horizonte

Na cerimônia de encerramento do inquérito, o vice-regente de Roma, Monsenhor Baldassare Reina, prestou uma vibrante homenagem à "alegria incomum" de Chiara: ela permaneceu sorridente e feliz, mesmo em seu encontro face a face com a morte.

"Em nosso tempo, quando o homem parece limitar o horizonte da vida à permanência terrena, contingente ao mundo visível", enfatizou Monsenhor Reina, o testemunho de Chiara Corbella é particularmente essencial para lembrar à humanidade "que o seu horizonte não é a terra, mas o céu."

Convidado a falar, o marido da falecida, diante de uma assembleia visivelmente comovida, confidenciou brevemente, com um sorriso radiante no rosto, as "belezas" que sua esposa lhe revelou no auge do sofrimento: "a de um Deus alegre e gentil."

"Quando perguntei a Chiara se a cruz era realmente doce, ela respondeu afirmativamente", testemunhou ele.

Esta mãe corajosa se prepara agora para ser reconhecida como venerável. Seu "dossiê", solenemente selado na cerimônia, foi encaminhado ao Dicastério para as Causas dos Santos, que determinará se a jovem mãe pode ser reconhecida pela Igreja, em virtude de sua vida admirável, como "venerável".

Se este for o caso, o próximo passo para sua causa é a beatificação, seguida pela canonização. Para que a causa avance para essas duas etapas, milagres atribuídos à sua intercessão terão que ser confirmados.

Fonte : Aleteia

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