Maria é a Theotókos (em grego: Θεοτόκος) como comumente conhecida por nós católicos como Mãe de Deus significa literalmente "Portadora de Deus". Uma verdade fundamental da fé cristã: Jesus Cristo é uma só Pessoa, divina, com duas naturezas – divina e humana. Sendo Maria a mãe de Jesus, e Jesus sendo Deus, ela é corretamente chamada Mãe de Deus. Não no sentido de ser origem da divindade (Deus é eterno), mas no sentido de ser mãe da Pessoa divina do Verbo Encarnado.
A doutrina da Theotókos está diretamente relacionada à unidade da Pessoa de Cristo. A Igreja sustenta que Jesus Cristo é uma única Pessoa (hipóstase) divina, com duas naturezas completas e distintas, humana e divina, unidas sem confusão, sem mudança, sem divisão e sem separação[2]. Ressalta São Tomás de Aquino: "Maria é a Mãe de Deus, porque gerou segundo a carne o Filho de Deus, o qual é Deus.”[3] Já nos séculos II e III, alguns Padres da Igreja – como Orígenes e Santo Hipólito – usavam o termo "Theotókos" para se referir a Maria. O uso se intensificou com Santo Atanásio no século IV, especialmente nas disputas contra o arianismo, para afirmar a verdadeira divindade de Cristo.
Após Éfeso, o culto à Mãe de Deus se espalhou rapidamente. Igrejas foram dedicadas a ela sob este título, e a Liturgia começou a exaltá-la com hinos como o famoso "Sub tuum praesidium", que a chama de Theotókos, e a Liturgia Bizantina a invoca constantemente com esse nome. O Concílio Ecumênico de Éfeso (431), ao proclamar solenemente a Santíssima Virgem como Theotókos (Μήτηρ τοῦ Θεοῦ – Mãe de Deus), abriu um novo horizonte no quesito devocional para os cristãos da epóca, o reconhecimento do título de Theotókos serviu como critério ortodoxo de fé contra o nestorianismo, e, consequentemente, marcou o início de uma mariologia mais sistemática e de um culto público mais robusto e difundido.
Contudo, quando invocamos Mãe de Deus estamos falado sobre Cristo mais que a Maria, compreendendo que este dogma reafirma nele a natureza divina de Jesus. Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, escreve sobre a centralidade de Cristo neste dogma: “O dogma da Theotókos não é, em primeiro lugar, uma afirmação sobre Maria, mas sobre Cristo: ele é Deus, e aquele que Maria concebeu e deu à luz é verdadeiramente Deus. Isso está no centro do título ‘Mãe de Deus’.”[4]
Por Eduardo Senan
[1] Denziger, n 252
[2] Concílio de Calcedônia, 451
[3] Santo Tomás de Aquino, S.Th. III, q.35, a.4
[4] Joseph Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, cap. III
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário
Siga @cartasdeovero no Instagram e facebook também !