O arcebispo de Natal, dom João Santos Cardoso, publicou no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) uma síntese crítica do livro A Crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação, do frei Clodovis Boff, ex-líder da Teologia da Libertação, e do padre Leandro Adorno, vigário paroquial da catedral de Piracicaba (SP).
O arcebispo diz em seu ensaio publicado no último dia 14 que, ao examinar o “declínio atual da Igreja Católica”, a obra de Boff e Adorno “não se limita à análise de dados estatísticos, mas apresenta um diagnóstico que integra dimensões espirituais, pastorais e teológicas”.
“A questão central vai além dos números ou índices de frequência religiosa, manifestando-se, sobretudo, na perda de vitalidade espiritual e na inversão de prioridades quanto à missão e à identidade eclesial”, escreve o arcebispo.
“Segundo os autores”, pontuou dom João, “a Igreja perde fiéis porque, em muitos contextos, deixou de comunicar de forma viva o mistério de Deus, oferecendo respostas mais sociológicas que espirituais”.
“Não se trata apenas de uma questão numérica ou de dimensão institucional; a gravidade está no deslocamento do centro da Igreja de Cristo para o mundo, priorizando demandas sociais em detrimento da experiência teologal”.
Cardoso também destacou que o livro se desenvolve em relação “à teologia contemporânea que, sob forte influência antropocêntrica, teria abandonado a “agenda dos mistérios” para privilegiar questões transitórias”.
“Conceitos centrais como “sobrenatural” e “alma” são minimizados, temas escatológicos relegados e a linguagem espiritual tradicional evitada. Esse viés, segundo os autores, acaba por oferecer fundamentos teóricos e justificativas racionais para um esvaziamento espiritual dentro da própria Igreja, ao deslocar a atenção do núcleo da fé para preocupações meramente temporais”, disse o arcebispo ressaltando que “no plano pastoral, os autores afirmam que reformas estruturais ou posicionamentos ideológicos — sejam “progressistas” ou “conservadores” — têm pouca eficácia sem a renovação da fé viva em Cristo”.
“Em síntese, para Boff e Adorno, a crise da Igreja não se resolverá com simples reformas estruturais ou com mera atualização sociocultural, mas com o retorno à sua essência: ser mistério de comunhão com Deus, centrada no senhorio de Cristo e movida pelo Espírito, para então, e somente então, transformar o mundo”, assinalou dom João frisando que “a saída proposta é retomar a centralidade existencial e operativa de Cristo”.
“Tal primazia exige entrega total — “dar o sangue e receber o Espírito” — e se expressa numa espiritualidade de oração profunda, livre de instrumentalizações”, disse o arcebispo. “É preciso recuperar uma fé viva, mística e missionária, capaz de gerar novo impulso evangelizador e de unir, de modo inseparável, o serviço ao mundo e o anúncio explícito da salvação. A Igreja só poderá reverter o declínio ao voltar-se para o seu “coração pulsante”: Jesus Cristo, Senhor absoluto e fonte de sua missão”.
Fonte : ACI Digital
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