O magistério papal sobre o matrimônio e a família é uma fonte de formação e alimento espiritual para aqueles que desejam fortalecer seus relacionamentos
Muitas das várias revoluções políticas e sociais que ocorreram na década de 1960 não se opuseram diretamente à instituição da família, mas desafiaram a moral cristã e os ensinamentos da Igreja sobre sexualidade e valores familiares.
Desde então, os papas têm procurado dar respostas concretas às famílias católicas sobre sua vocação e missão na Igreja e no mundo. O Papa Francisco, por si só, convocou dois sínodos sobre este tema, um em 2014 e outro no ano seguinte.
Para além das inúmeras cartas, catequeses para a audiência geral, pronunciamentos e homilias de pontífices recentes sobre o valor da família, destacam-se três documentos magistrais.
Humanae Vitae
A pílula anticoncepcional tinha acabado de ser lançada quando a revolução sexual eclodiu, trazendo consigo diversas consequências sociais, especialmente na área da sexualidade. A Igreja então se viu diante de um dilema: a contracepção artificial deveria ser acolhida como uma possibilidade ou rejeitada completamente pela doutrina católica?
Em 1963, o Papa João XXIII criou uma comissão para estudar o assunto em profundidade. Mas foi somente em 1968, sob o Papa Paulo VI — após cinco anos de estudo e depois de ouvir bispos e especialistas de todo o mundo — que o Papa decidiu escrever uma encíclica para responder à questão.
Em vez de reduzir o tema à sexualidade, Paulo VI oferece uma poderosa reflexão sobre o valor da vida humana e do amor conjugal. Além disso, o Papa denuncia possíveis problemas decorrentes da contracepção artificial, como a perda da consciência da dignidade da pessoa humana e a degradação moral.
É nesta encíclica que Paulo VI desenvolve o conceito de “paternidade responsável”. Vida Humana é considerada a grande base inspiradora para João Paulo II apresentar a Teologia do Corpo, uma série de catequeses ministradas entre 1979 e 1984.
Familiaris consortio
Em 1980, o Papa João Paulo II, conhecido por sua proximidade teológica e pastoral com a vida familiar desde sua época como sacerdote e bispo, convocou o primeiro Sínodo da Igreja sobre a família. O tema foi “A missão da família no mundo contemporâneo”.
No ano seguinte, como resultado do Sínodo que acabara de ocorrer, o pontífice publicou a exortação apostólica Familiaris Consortio.
Nela, João Paulo II descreve a família como uma comunidade de amor e um lugar de acolhimento, chamada a ser testemunha de que a verdadeira felicidade reside na doação de si mesmo aos outros. O Papa defende a indissolubilidade do vínculo matrimonial e aponta o sacramento como uma grande fonte de graça para todos os membros da família.
Além disso, ele aborda temas como divórcio, controle de natalidade, vida espiritual na família, educação infantil e ministério familiar.
Amoris letitia
Após convocar dois sínodos sobre a vida familiar, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica A Alegria do Amor, sobre o amor na família.
Francisco analisa em profundidade os desafios que as famílias enfrentam hoje e oferece diversas reflexões pastorais sobre as fragilidades e dificuldades presentes nos lares cristãos, em particular com uma meditação aprofundada sobre o famoso Hino à Caridade de São Paulo (o amor é paciente, o amor é bondoso, etc...).
O Papa delineia um caminho para a espiritualidade familiar e exorta as famílias a construírem seus relacionamentos sobre “um amor fortalecido pelas virtudes da generosidade, do compromisso, da fidelidade e da paciência”.
Ele explica que, apesar da instituição da família estar passando por várias crises no mundo atual, o “desejo de casar e formar uma família” permanece vivo, e que a proclamação cristã a respeito da família é verdadeiramente uma “boa nova”.
Fonte : Aleteia
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