4 pontos para entender o documento sobre as bênçãos na Igreja

Arquidiocese de São Paulo publica nota explicativa sobre a Declaração Fiducia supplicans


O prefeito da Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Manuel Fernández assinou a Declaração Fiducia supplicans, onde foi aprofundado, entre outros temas, as bênçãos espontâneas, onde é contemplada a possibilidade de acolher aqueles que não vivem conforme as normas da doutrina moral cristã, mas pedem humildemente para serem abençoados.

O Papa Francisco aprovou sua publicação, mas lembramos que este não é um documento de sua autoria.

Nesta quarta-feira (20), após vários meios de comunicação divulgarem notícias sobre o documento, a Arquidiocese de São Paulo, através do Padre Michelino Roberto, vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, publicou uma nota com quatro pontos essenciais para esclarecer a razão desta declaração sobre o significado pastoral das bênçãos, que desde o ano 2000 não era atualizada.

Confira!

O Documento aprova a bênção de uniões entre pessoas do mesmo sexo?

Não. A declaração aprofunda sobre as bênçãos concedidas na Igreja Católica, fazendo distinção entre as rituais (litúrgicas) e as mais simples (espontâneas). O ponto mais divulgado e explicado pela Arquidiocese e pelo próprio documento do Vaticano é sobre as bênçãos espontâneas, que podem ser aplicadas também para casais em situação irregular (não casados na Igreja ou em segunda união) ou pessoas do mesmo sexo que vivem uniões conjugais.

Tais bênçãos, portanto, são concedidas às pessoas, e não às uniões, invocando a proteção e o auxílio de Deus sobre aqueles que a solicitam para que consigam realizar a vontade de Deus conforme os Seus Mandamentos.

A Santa Sé alterou a doutrina da Igreja sobre o Matrimônio?

A doutrina da Igreja sobre o Matrimônio não foi alterada! “Pelo contrário, o texto trata de 'evitar que se reconheça como Matrimônio algo que não o é', enfatizando que o Matrimônio é 'uma união exclusiva, estável e indissolúvel entre um homem e uma mulher, naturalmente aberta a gerar filhos'. Sobre esse aspecto, a Declaração reforça que 'são inadmissíveis ritos e orações que possam criar confusão entre aquilo que é constitutivo do Matrimônio'”, diz a nota.

O texto da Declaração, inclusive, afirma que esse tipo de bênção nunca pode oferecer uma forma de legitimação moral a uma união que se presuma um Matrimônio ou a uma prática sexual extramatrimonial.

Em quais situações essas bênçãos podem acontecer?

O Documento reforça que essas bênçãos nunca podem acontecer em uma celebração litúrgica, nunca dentro ou no contexto da celebração de algum sacramento, nunca com um formulário litúrgico, mas sempre de forma privada, sob o juízo cautelar do sacerdote, e sempre como uma oração espontânea pelos que a pedem, acompanhada de uma súplica para que conheçam e cumpram a vontade de Deus.

As bênçãos tampouco devem ser dadas no contexto de ritos de união civil e outros atos relacionados com esses, nem com as vestes nupciais, palavras ou gestos próprios do rito matrimonial, como votos de consentimento, trocas de alianças, etc.

Por que abençoar pessoas em situações irregulares?

O Documento do Dicastério lembra que são várias as ocasiões em que as pessoas espontaneamente pedem uma bênção, como nas peregrinações, nos santuários e na rua, quando encontramos um sacerdote.

A Igreja Católica sempre ensinou que aqueles que estão em pecado mortal não estão em estado de graça, mas podem, por meio de uma bênção, receber um impulso sobrenatural para que, como diz o documento, “as relações humanas amadureçam e cresçam na fidelidade à mensagem do Evangelho, se libertem das suas imperfeições e fragilidades e se expressem na dimensão cada vez maior do amor divino”.

A Declaração também recorda as palavras do Papa Francisco em uma de suas catequeses, quando afirma que “a bênção possui uma força especial, que acompanha o destinatário ao longo da vida e dispõe o coração humano a deixar-se mudar por Deus […]”. O Santo Padre enfatiza que as pessoas devem confiar que são abençoadas apesar dos seus pecados e que “o Pai celeste continua a amá-las e espera que elas finalmente se abram ao bem”.

Fonte : A12

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