Os símbolos natalinos são ricos em significados e eles só provocam mais a distração do que a elevação nas almas que ignoram esta sua riqueza.
Dia 25 de dezembro celebramos o nascimento de Jesus Cristo. Nos dias que antecedem à data, a Igreja Católica vive o momento do Advento, um período de preparação e espera para a chegada do Salvador.
Entendendo que a preparação deve ser interior e exterior, os fiéis católicos são convidados a celebrar a data em comunidade, reunido família e amigos. A orientação da Igreja é pra que todas as famílias cristãs participem da santa missa, se reúnam, realizem as novenas e decorem o ambiente sem esquecer o principal, que o nascimento de Jesus.

SÍMBOLO #1 – A COROA DO ADVENTO
O Advento é o tempo litúrgico de preparação que compreende quatro semanas antes do Natal. Ele marca o início de um novo ano litúrgico para a Igreja e deve ser vivido com espírito de penitência, vigilância e esperança por todos os católicos, em virtude da chegada do Senhor.
A coroa do advento é o símbolo utilizado pela Igreja para marcar o tempo de espera pelo Senhor: assim como o advento possui 4 domingos, a coroa também possui 4 velas.
Tradicionalmente ela é formada por uma guirlanda verde, que representa esperança e vida, e adornada com uma fita vermelha, que representa a caridade, o amor de Deus que O moveu a enviar Seu Filho para resgatar o gênero humano.
Durante os domingos do Advento, as velas são acesas progressivamente: no primeiro domingo, apenas a primeira; no segundo domingo, a primeira e a segunda; no terceiro, a primeira, a segunda e a terceira; por fim no último domingo todas as quatro velas são acesas. A luz das velas representa o próprio Cristo que veio iluminar os homens (cf. São João I,9).
Lembra também o nascer do sol: a aurora vai surgindo e com ela o dia aos poucos vai clareando, até finalmente o sol se levantar e dissipar completamente a escuridão da noite.
Do mesmo modo, as velas representam a aurora que anuncia o nascer do Sol da justiça (cf. São Lucas I,78), o próprio Senhor Jesus Cristo, a luz do mundo que dissipará todas as trevas.
SÍMBOLO #2 – O PRESÉPIO
Eis o símbolo natalino mais significativo para a Igreja!
A palavra presépio refere-se ao curral onde se recolhe o gado.
Sua origem está relacionada a São Francisco de Assis. Na noite de natal de 1223, na cidade de Greccio, Itália, São Francisco faria uma pregação acerca do nascimento de Jesus.
Na época, a Igreja já havia proibido a realização de dramas litúrgicos nas igrejas, mas São Francisco pediu a dispensa da proibição, desejoso que estava de lembrar ao povo daquela região a natividade e o amor a Jesus Cristo.
Com a autorização do Papa, decidiu montar o cenário numa estrebaria comum: a imagem do menino Jesus em uma manjedoura coberta de palha, com um boi e um jumento vivos.
O povo foi convidado para a missa e, ao chegarem ao local, encontraram a cena do nascimento de Jesus, testemunhada pelos pastores de Belém.
Após a morte do Santo de Assis, os frades franciscanos continuaram o belo costume que acabou se espalhando por todo o mundo católico.
No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos índios e colonos portugueses em 1552, por iniciativa do Padre José de Anchieta.
O presépio em si é uma ótima fonte de meditação: é o Evangelho traduzido em imagem.
SÍMBOLO #3 – A ÁRVORE DE NATAL
Sobre a origem da Árvore de Natal, encontram-se duas versões diferentes: uma a relaciona a Martinho Lutero e a outra, a São Bonifácio.
A primeira versão da origem da árvore de Natal conta que certa noite de inverno, poucos dias antes do Natal, Lutero passeava por um bosque de pinheiros. Olhando repentinamente para o céu, viu as estrelas que brilhavam entre os ramos das altas árvores: pareciam luzes de velas, cintilando na noite.
Lutero então teria ido para casa levando consigo um pequeno pinheiro e o enfeitado com pequenas velas acesas. Na noite de natal daquele ano, 1525, ele teria reunido as crianças de sua cidade lhes dito: “As velas no pinheiro simbolizam as estrelas do céu, de onde o Menino Jesus veio para salvar o mundo”.
Bem, esta historinha é bem fofinha, mas não é muito convincente. A segunda versão me parece muito mais razoável.
São Bonifácio, que viveu entre os séculos VII e VIII, foi o responsável pela cristianização dos povos germânicos, que se instalaram no norte da Europa, entre os rios Danúbio e Reno.
Assim como outros povos antigos, os germânicos também cultuavam o símbolo da árvore: eles veneravam o deus Odin em uma grande árvore de carvalho no alto de um monte.
Em 723, o monge beneditino combateu a crença pagã que havia na Turíngia, para onde fora enviado pelo Papa Gregório II como missionário. Para convencê-los de que a árvore não possuía nada de sobrenatural, com um machado, cortou o carvalho sagrado, derrubando-o.
Na queda, o carvalho destruiu tudo o que ali se encontrava, exceto um pequeno pinheiro. Segundo a tradição, São Bonifácio interpretou este fato como um milagre. Era o período do Advento e, como ele pregava sobre o Natal, declarou a respeito do pinheiro: “Doravante, nós chamaremos esta árvore de árvore do Menino Jesus”.
O Santo beneditino associou o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e suas folhas – que, diferente das outras árvores, resistiam aos rigores do inverno – à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore de Natal.

SÍMBOLO #4 – AS BOLAS COLORIDAS
O simbolismo das bolas coloridas está muito ligado ao símbolo anterior: elas representam os frutos da árvore da vida que é o próprio Jesus Cristo, que nos trouxe a remissão do pecado, a salvação eterna e a graça de Deus.
“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?” (São Mateus VII,16). A vida cristã deve em tudo se assemelhar à vida do próprio Senhor. Por isso, os cristãos devem ser reconhecidos pelos mesmos frutos, as virtudes, que caracterizavam o Divino Mestre.
Desse modo, as bolas podem ainda representar os frutos do Espírito Santo: caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade.
SÍMBOLO #5 – AS VELAS
As velas de Natal simbolizam a presença de Cristo, como Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (São João VIII,12).
Geralmente elas são postas em castiçais, que enfeitam mesas, principalmente a da ceia. Há algumas décadas, porém, colocavam-se velinhas nos ramos das árvores, como enfeites.
Mas os costumes natalinos substituíram as pequenas velas pelos pisca-piscas, muito mais seguros, mas que infelizmente perderam o significado das velas.
As velas também representam todos os cristãos, enquanto continuam a missão do Senhor, espalhando a Sua luz pelo mundo, para iluminar o gênero humano que caminha nas trevas, conforme Ele afirmou:
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (São Mateus V,14-16)
SÍMBOLO #6 – OS SINOS
Os sinos são símbolos muito caros à Igreja. Por meio deles os cristãos são avisados sobre o início da Santa Missa, o momento em que devem elevar seus olhares ao Santíssimo Sacramento e mesmo sobre o falecimento de algum filho da Igreja. Os sinos servem por tanto para transmitir mensagens.
Ora, na Santa Missa da noite de Natal o badalar dos sinos enche de alegria os corações, pois transmitem a mensagem do nascimento de Nosso Senhor!
Portanto, usando os sinos nos arranjos ou guirlandas que enfeitam nossas casas, estamos também participando deste grande anúncio da chegada do Senhor.

SÍMBOLO #7 – A ESTRELA
“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela Oriente e viemos adorá-lo” (São Mateus II,2). A estrela guiou os reis magos – sábios de origem pagã – para exatamente o local do nascimento de Jesus. Este acontecimento já indicava que a Nova Aliança não seria restrita a um povo, mas estaria aberta a todos os povos: judeus ou pagãos.
“E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino, e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria” (São Mateus II,9-10)
O costume natalino é de posicioná-la no alto da árvore de Natal e também no presépio, sobre a manjedoura. Assim como a estrela de Belém anunciou aos magos a chegada do Salvador do mundo, também ela é um símbolo para nós: ela nos indica que o Senhor vem.
“Tu scendi dalle stelle”, diz um belíssimo canto composto por Santo Afonso de Ligório, “Tu desces das estrelas”.
SÍMBOLO #8 – A TROCA DOS PRESENTES
Chegando para adorar o menino Deus, Gaspar, Belquior e Baltazar, os três magos do oriente, lhe deram três significativos presentes: ouro, incenso e mirra.O ouro simbolizava a realeza de Jesus sobre todo o universo;
O incenso simbolizava a divindade de Jesus, Filho de Deus e também sua dignidade sacerdotal;
E a mirra, uma erva amarga – que inclusive foi usada no seu sepultamento – simbolizava sua dignidade profética e anunciava seu sofrimento como Redentor do gênero humano.
Este gesto dos reis magos deu origem ao nosso costume natalino de troca de presentes.
Na Espanha, a troca de presentes ocorre tradicionalmente dia 6 de Janeiro – dia de reis. Na França, as crianças ganham presentes no dia 24 e os adultos, no dia 31 de Dezembro. Em outros países, como o nosso Brasil e os Estados Unidos, as crianças ganham presentes na véspera do natal.
Entretanto, por influências do materialismo que, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, é uma forma frequente de ateísmo pelo qual as pessoas limitam suas necessidades e ambições ao espaço e tempo (cf. n. 2124), ao aqui e agora, o costume da troca de presentes perdeu seu significado cristão.
É lamentável que as crianças não são mais ensinadas sobre o maior e mais importante presente de todos: o menino Jesus, que o próprio Deus nos deu para a nossa salvação eterna. Pelo contrário, elas são movidas à espera ansiosa pelo atendimento dos seus desejos. “Será que eu vou ganhar meu videogame novo? Eu me comportei tão bem este ano…”
Talvez uma boa forma de combater o materialismo seria ensinar as crianças, desde a idade da razão, em primeiro lugar que Deus é o verdadeiro e mais importante presente que podemos ganhar.
E em segundo lugar, que da mesma forma como ganhamos alguns presentes, devemos também separar alguns brinquedos com os quais não mais brincamos ou roupas que já não nos servem bem e dar aos que precisam mais do que nós.
O Natal é a época propícia para a prática das virtudes da pobreza, da humildade e da generosidade.
SÍMBOLO #9 – O PAPAI NOEL OU SÃO NICOLAU?
O famoso bom velhinho… Com certeza o item mais polêmico desta lista.
O carismático velhote, de roupas vermelha e brancas, de olhar doce e sorriso afável, aos poucos, roubou completamente a cena e chegou a ofuscar a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo, nesta sociedade tão marcada pelo materialismo.Às vezes nem tão carismático assim…
Mas foi sempre assim? Quer dizer que ele é o vilão disfarçado de mocinho desta história? Qual afinal foi a origem desta personagem?
Há várias versões para contar a origem dele. Em algumas regiões da Rússia acredita-se que Noé, vendo a mortandade que uma terrível peste provocou deixando milhares de crianças órfãs, durante a Idade Média, pediu a Deus permissão para vir a terra e trazer presentes para as crianças.
Outras versões o identificam com São Martinho e com um misterioso Knecht Ruprecht, do qual não se sabe a origem. Mas a versão mais digna de crédito, sem dúvidas, é a que associa o Papai Noel a São Nicolau.
São Nicolau foi Bispo de Mira, na Ásia Menor, em meados do século IV. Muito caridoso e generoso, sempre ajudava os mais necessitados e, na época do Natal, gostava de presentear as crianças pobres, e o fazia enquanto elas dormiam.

São Nicolau, todo cheio de humildade e caridade, é quem deve ter a sua história contada e difundida na época do Natal, inspirando boas obras, e não uma figura vazia que – sem nenhum motivo relevante – espera pelo 25 de dezembro para dar de uma só vez e em uma só noite, um presente para cada criança.
SÍMBOLO #10 – A CEIA
A Ceia de Natal é um momento de reunião familiar, no qual pelos alimentos se conserva a vida material do corpo. Como símbolo, ela representa a Santa Ceia, na qual o Senhor instituiu o sacramento da Eucaristia, pelo qual conservamos a vida sobrenatural da alma (cf. São João VI,51-53).
A ceia natalina é também um momento de grande alegria em virtude do nascimento de Jesus, que é misteriosamente representado nas frutas típicas do inverno: castanhas, nozes, amêndoas e avelãs.
Assim como podemos apreciar a humildade de um alimento riquíssimo em valor nutritivo, que se esconde sob uma dura casca, do mesmo modo podemos contemplar a humildade de Jesus Cristo, que sendo o Deus que dá sustento a todo o universo, escondeu-se sob a forma frágil de um bebê, na pobreza de um estábulo, fora da porta da cidade.
A humildade e a pobreza que ensinam estes símbolos devem nos mover a, sempre que possível, dividir a nossa Ceia com nossos amigos e familiares, e também com aqueles que mais necessitarem.

CONCLUSÃO
Os símbolos têm uma importância tremenda: eles tornam acessíveis para nós, por meio da sensibilidade, uma riqueza de ensinamentos que talvez não conseguiríamos acompanhar apenas com o esforço da razão, devido principalmente às distrações.
O Natal é uma solenidade importantíssima para os cristãos, enriquecida com grandes verdades de fé, necessárias à nossa salvação. Então não é sem motivos que ao longo dos séculos se desenvolveu na civilização cristã uma riqueza de símbolos e sinais, que traduziam às pessoas simples, muitos desses elevados mistérios da fé.
Nossa cultura fortemente materialista tende a esvaziar de significados os mais belos símbolos cristãos do Natal. Precisamos combater esta tendência de sabor ateu. Resgatemos os valores católicos dos costumes natalinos: recusemos a mera aquisição de bens, enfeites e presentes, propagando a verdadeira alma do Natal, a alegria pela chegada do nosso Salvador.
REFERÊNCIAS
– MACCARI, Natália & BRAZÃO, Suely Mendes. Símbolos do Natal. São Paulo: Paulinas, 1996.
– FERNANDES, Cláudio. “Árvore de Natal”; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/natal/arvore-natal.htm>. Acesso em 03 de dezembro de 2015.
– Guia de Curiosidades Católicas, Evaristo Eduardo de Miranda.
- https://perseverancacatolica.wordpress.com/
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