Vocação ao Sacerdócio: Um chamado à amizade com Deus

 «Chamei-vos amigos» (Jo 15, 15) não são apenas uma declaração afetuosa aos discípulos, mas uma verdadeira e própria chave de leitura do ministério sacerdotal — Papa Leão XIV


O sacerdócio é um grande dom de Deus para a Igreja e para o mundo. Por meio desta belíssima vocação, Cristo se dá inteiramente a nós. Ao contemplar este chamado, podemos enxergar o sacerdote como um grande amigo de Jesus, que vive uma profunda relação pessoal com Ele — alimentada pela Palavra, pelos Sacramentos, pela Eucaristia e os diversos encontros diários nas orações.

Esta amizade é sustento em meio as provações do caminho e fortalece o sim dado a cada novo dia. É nesta relação profunda que o Padre encontra sentido para o seu celibato e se enche de vigor para dar-se completamente em favor da humanidade.

Conta-se que São João Paulo II, enquanto Papa, estava rezando na sua Capela privada no Vaticano, quando foi interrompido por um colaborador que lhe avisou de uma necessidade urgente que precisava ser resolvida. O pontífice, com muita serenidade, lhe respondeu que se era tão urgente, ele deveria rezar ainda mais. Podemos, a partir desse relato, aprender que a fecundidade da missão depende extremamente da relação profunda de amizade com Deus.

É na intimidade com Cristo, portanto, que nasce o ministério sacerdotal.

Em meios ao cansaço, a exaustão, ao desânimo, as lutas e provações, o sacerdote deve lembrar-se sempre que não está só. A sua vocação não é um chamado a um cargo, a uma função, mas a amizade divina. Ele não é chamado a fazer muitas coisas, mas sobretudo a Ser amigo de Jesus e, assim, resplandecer a Sua face para a humanidade.

Na Evangelii Gaudiem, n. 266, o Papa Francisco nos diz:

“Sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de sentido.”

O Sacerdote que não cultiva a sua vida interior logo perderá o sentido do seu ministério

É por meio desta relação de intimidade profunda que o Senhor os configura em bons pastores, sacerdotes segundo o Seu coração. Por meio desta amizade, o padre aprende com o próprio Cristo a ter no seu coração os mesmos sentimentos. A vida interior é uma grande escola de relação, onde o sacerdote aprende a relacionar-se com Deus, consigo mesmo e com os outros. Parafraseando São Cura d’Ars: “Torna-se o amor do coração de Jesus!”

Aos moldes do mestre, o Sacerdote é chamado a ser amor — a amar até as últimas consequências. Ele não deve limitar-se, mas entregar-se inteiramente na vinha do Senhor. Deve, portanto, fazer-se dom total de si em favor do povo santo de Deus. E se preciso for, ir nas vias mais escuras, nos lugares mais sombrios da humanidade em busca da ‘ovelha perdida’.

O Papa Leão XIV, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, disse aos sacerdotes:

“O Coração de Cristo, trespassado por amor, é a carne viva e vivificante que acolhe cada um de nós, transformando-nos à imagem do Bom Pastor. É ali que se compreende a verdadeira identidade do nosso ministério: ardentes da misericórdia de Deus, somos testemunhas alegres do seu amor que cura, acompanha e redime.”

O Sacerdote também é chamado a ser escuta. Primeiramente a Deus, a igreja, aos irmãos e especialmente aos mais necessitados. Diante do clamor das ovelhas, o Padre não pode jamais ficar indiferente, mas com o coração de Cristo, deve ouvir as dores que os seus filhos trazem. Fazer-se escuta, é fazer-se acolhimento, consolo, misericórdia, amor.

A amizade com Cristo deve levar o ministro ordenado à vida comum

Diante do chamado e missão, ele não pode partir sozinho, mas sempre junto. Lado a lado das ovelhas, dos irmãos, dos bispos, do Papa. A relação íntima com o Pai torna-nos um — um com Ele, um com a Igreja, um com a humanidade.

Que alegria é termos, na Santa Igreja, homens que são discípulos e amigos íntimos de Jesus! Por meio de suas vidas, provamos do doce amor do Pai, sentimos o sabor do Céu, da santidade, da misericórdia divina, do consolo e da verdadeira alegria. Por isso, devemos sempre rezar por esses que foram escolhidos por Deus para serem ‘outros Cristos’ no meio da humanidade. E, se você sente em seu coração o chamado a essa vocação, tenha a coragem de se lançar nessa grande aventura: ser amigo, discípulo e pastor segundo o Coração do Mestre.

Fonte : https://comshalom.org/

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