Carta aos Romanos na Bíblia, quem escreveu?

Neste ano os católicos são convidados a refletir sobre a Carta aos Romanos. O tema deste ano é o mesmo do Ano Santo: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5)

Nesta carta ao tema da esperança é mencionado por 13 vezes. O doutor Cláudio Vianey destaca que “além de aparecer como substantivo, ela também aparece como verbo. E não é o verbo esperar, mas seria ter esperança, ser movido ou guiado pela esperança”.

Quando e quem a escreveu?

A Carta aos Romanos foi escrita mais ou menos entre os anos 57 e 58. Provavelmente Paulo estava em Corinto quando ele escreveu essa carta. Então, fazendo as contas, é mais ou menos, aproximadamente, Paulo escreveu essa carta quando ele tinha 47 anos. Nesse momento da sua vida, ele tinha alguns planos, e tinha também alguns temores. Então, quando Paulo escreveu a carta aos romanos, já tinha se passado cerca de 20 anos de sua conversão ao caminho de Jesus.

O plano de Paulo, nesse momento em que ele escreveu a Carta aos Romanos, era ir à Espanha, para lá anunciar o Evangelho. Foi por causa desse projeto que Paulo escreveu aos cristãos de Roma. Então, a ideia dele era, quando ele fosse à Espanha, passar por Roma e parar em Roma.

Então, fazer uma parada em Roma para depois seguir para a Espanha. Nessa parada em Roma, ele pretendia descansar um pouco, trocar ideias, compartilhar a fé com os cristãos de Roma, e também ver se ele conseguia alguns recursos para poder continuar o seu projeto de chegar até a Espanha. Quando escrevia a carta, provavelmente em Corinto, Paulo estava indo para Jerusalém. Ele sabia que em Jerusalém havia opositores ao seu trabalho. E ele não estava muito seguro se os próprios cristãos de Jerusalém iriam aceitar a oferta que ele estava levando.

O tema da esperança que retorna sempre

O ponto de partida para a reflexão do apóstolo sobre a esperança é a figura do casal Abrãao e Sara que confiavam em Deus, conforme indica o capítulo4. Em seguida, a carta usa um jogo poético de palavras para mostra uma espécie de itinerário da esperança. “Muitas vezes, na nossa vida, nós passamos pela tribulação, mas ela produz a perseverança. A perseverança gera experiência. E a experiência leva à esperança. Então, se muitas vezes nós estamos passando por um momento de tribulação, não vamos ficar desesperados, porque a tribulação leva à perseverança, que leva à experiência, que leva à esperança”, afirmou Cláudio Vianey em live temática.

É relevante a maneira como o versículo 5 do capítulo 4 qualifica a esperança: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Essa aproximação de amor e esperança é importante porque a virtude é certificada pelo amor de Deus. As manifestações do amor de Deus que se destacam são na criação e na redenção. “Como é que a gente realmente vê a criação que está esperando, ansiosa, para que a nossa filiação divina se manifeste em plenitude? Já nessa imagem aparece um solo que foi queimado, um solo cheio de cinza, e no entanto tem uma plantinha que está aí querendo nascer desse solo, teimosamente querendo nascer. Então Paulo escreve que não é somente a criação, nós também, o nosso corpo, geme à espera da sua libertação”, destaca.

Merece uma pausa reflexiva o fato de que Paulo chame a atenção a diversas atitudes humanas, mas faz parte do seu método: “às vezes, lendo a Carta aos Romanos, a gente pode chegar a pensar que Paulo tem uma visão muito negativa do ser humano. Que o ser humano é entregue a si mesmo, ele é dominado pelo pecado. No entanto, a gente deve perceber que Paulo está fazendo uma reflexão. E a sua reflexão é mais abrangente”, esclarece.

Outro jogo de palavras que torna a memorização fácil e mostra as engrenagens fundamentais da vida estão no capítulo 12 em que Paulo exorta a “ser alegres na esperança, fortes na tribulação e perseverantes na oração”. Para o professor Cláudio Vianey: “A esperança torna as pessoas alegres. Quando elas estão em tribulação, são fortes. E sempre perseverantes na vida de oração”. A ligação entre esperança e alegria indica que “não é a esperança de um futuro, é a esperança que nos move hoje, desde já. Esse futuro que a gente vê já molda o nosso modo de viver desde hoje, desde agora”.

Fonte : Aleteia