O silêncio e a solidão como forma de buscar paz e aproximação com Deus

 Em meio ao barulho do mundo, à pressa dos dias e ao excesso de estímulos que nos rodeiam, o silêncio e a solidão aparecem, muitas vezes, como algo incômodo, até mesmo indesejado.

No entanto, essas duas realidades podem se tornar um caminho de encontro com Deus e de reencontro conosco mesmos.

Ao longo da história da Igreja, muitos santos e santas se retiraram do mundo para buscar, no recolhimento, a presença silenciosa do Senhor. Jesus mesmo, nos Evangelhos, frequentemente se afastava da multidão para rezar sozinho.

No silêncio da madrugada ou nas montanhas, Ele cultivava sua intimidade com o Pai. Não por desprezo ao mundo, mas para poder voltar a Ele com o coração cheio daquilo que verdadeiramente importa.

A solidão, quando vivida com fé, não é sinônimo de abandono. Pelo contrário, pode ser a oportunidade de perceber que Deus nunca nos deixa sós.

É na ausência de ruídos que conseguimos escutar a voz suave e firme de Deus falando ao nosso coração. É no recolhimento que conseguimos perceber aquilo que realmente somos e aquilo que precisamos entregar a Ele.

Vivemos tempos em que a ausência de ruído assusta. A pausa se tornou sinônimo de improdutividade, e a solitude, de fraqueza.

Mas é justamente nesses espaços de silêncio e solidão que encontramos muitas vezes a paz. Ali, somos convidados a deixar de lado as máscaras e aparências para estar diante de Deus com sinceridade e verdade. Não precisamos fingir nada, Deus conhece cada parte de nós.

O silêncio é oração. Quando nos deixamos conduzir por esse caminho, começamos a descobrir que a paz não está nas circunstâncias externas, mas na presença de Deus em nosso interior. E essa paz, fruto do Espírito Santo, nos fortalece para voltarmos ao mundo com mais amor e mais serenidade.

De tempos em tempos, precisamos silenciar para escutar o que vem do alto. E, assim, acolher a solidão como espaço sagrado, encontremos ali a presença viva de um Deus que nos ama, nos escuta e nos transforma.

Pois, como dizia Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.”

Fonte : A12